PORTUGUÊS EM FOCO - HÁ / A (TEMPO)

UM CLIQUE, UMA ÁRVORE

ECOLOGIA - Plantar árvore é um hábito pouco cultivado no Brasil, apesar de o país viver em uma febre permanente de desmatamento desde que o português Pedro Álvares Cabral aportou por aqui há 500 anos. Mas a situação está mudando. Este mês, o grupo S.O.S. Mata Atlântica, o Instituto Ambiental Vidágua e a Editora Abril estão lançando uma página na Internet com o objetivo de replantar milhões de árvores nativas nas áreas mais devastadas da Mata Atlântica. Depende apenas de você. Basta clicar no site www.clickarvore.com.br. Para cada clique, uma árvore será plantada.

(Revista SUPERINTERESSANTE, agosto de 2000).

A notícia objetiva divulgar um site elaborado para ajudar a replantação da nossa Mata Atlântica. Já no título, convida-se o leitor a clicar (apertar o botão do mouse), para dar origem a uma nova árvore.

Observem o exemplo 1:

Ex1: ...desde que Pedro Álvares Cabral aportou por aqui há 500 anos.

Veja que a circunstância temporal, referindo-se a tempo passado, é apenas o que está sublinhado. Nesse caso, o verbo haver é impessoal, ou seja, não faz referência a nenhum sujeito. Indica tempo decorrido ou tempo passado e equivale a faz 500 anos. Por isso, não se diz "há 500 anos atrás".

Acrescente-se ainda que existe uma diferença entre o verbo haver, fazendo referência a tempo passado, e a preposição a fazendo referência a tempo futuro ou à distância espacial. Compare os exemplos seguintes:

Ex2: O futuro chegou há dez anos. Ex3: Estamos a dez anos do futuro.

Note que, no exemplo2, há ideia de tempo passado: faz dez anos que o futuro chegou. Por outro lado, no exemplo3, a ideia é de tempo futuro; estamos um pouco distante do futuro, a dez anos dele. Ou, ainda: estamos a uma distância de dez anos do futuro, numa linguagem conotativa. Assim, não tenha mais dúvida: ao se referir a tempo futuro, use a preposição a; ao se referir a tempo passado, opte pelo verbo haver e use há, como em:

Ex4: Há poucos meses criamos a coluna Português em Foco.

Ex5: Daqui a alguns dias comemoraremos o Natal.

POR ALEXANDRE SILVA FREIRE