Fonte: Tribuna do Norte
O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique
Eduardo Alves (PMDB), é muito cauteloso ao responder sobre o pleito de 2014.
Ele defende que o momento é da união da classe política do Rio Grande do Norte
e afirma que, no final deste ano, devem ser abertas as discussões sobre o
cenário eleitoral. Embora com ponderação, o deputado admite que a governadora
Rosalba Ciarlini pode ser candidata natural à reeleição. No entanto, observa
que a definição do candidato a governador do grupo virá a partir de critérios objetivos,
com pesquisa qualitativa, análise sobre avaliação do Governo junto à população
e perspectiva de vitória.
Para Henrique Eduardo, julho será o momento de
uma nova reunião do Conselho Político do Governo do Estado. “Acho que a
modificação que ocorreu em recursos hídricos, na saúde e na agricultura, já foi
um passo a favor”, observa.
O presidente
estadual do PMDB afirma que não pretende disputar o Governo em 2014, porque o
projeto é concorrer à reeleição e, assim, continuar na Câmara dos Deputados.
Sobre o recente encontro com a vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, Henrique
Eduardo afirma que os canais foram desobstruídos.
Já sobre uma
possível sinalização de aproximação com o prefeito Carlos Eduardo, ele afirma
que a intenção é ajudar à cidade de Natal. Acompanhe a entrevista com o
presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Henrique Eduardo Alves.
Como o senhor avalia o
cenário para o pleito de 2014?
Acho que é muito cedo. Qualquer visão que se insista em ter agora não é a que vai acontecer, não é a verdadeira. Como falta muito tempo, a realidade vai se impor de forma diferente. É inútil discutir agora cenários que poderão não ser verdadeiros. É uma questão apenas de enxergar diferente.
Mas há quem esteja conversando sobre 2014...
Eu acho que esse é
um ano muito importante para o Rio Grande do Norte. É o momento de juntar as
energias, buscar vitórias para o nosso Estado. Se você tratar essa questão
eleitoral e radicalizar, começa a ter olhares atravessados dos interessados. E
quero que nessa hora todos olhem para o presente e o futuro do Rio Grande do
Norte.
O senhor acha que caminha
para uma aliança com o PT? Os petistas colocam como pré-condição não ter o DEM
no palanque. Será possível uma aproximação dada essa condição?
O PMDB não defende
e nem participará de nenhuma solução radicalizada. A história mostra que esse radicalismo
não leva aos melhores resultados. Nenhuma solução radical imposta terá a melhor
compreensão do PMDB. E digo mais: a questão hoje colocada é que o PMDB é
parceiro, sim, da governadora Rosalba. Não adianta querer tapar o sol com a
peneira. O PMDB faz parte da base de apoio da governadora. Eu tenho muita
autoridade para falar sobre isso porque não a apoiei para governadora na
eleição de 2010.
Na ocasião havia posicionamentos diferentes no PMDB...
Eu apoiei Iberê
Ferreira, mas, como perdi a eleição e Garibaldi Filho, nesta linha, ganhou, ou
ele vinha para cá ou eu ia para lá. Como eu sei ganhar e sei perder, e perdi, para reunificar o PMDB, somei no apoio à
governadora. Quem construiu a realidade de hoje foi a liderança vitoriosa do
senador Garibaldi junto à candidata Rosalba. Eu me adaptei a essa realidade. O
PMDB faz, sim, parte da base da governadora Rosalba, ao lado do PR, do PP e de
outros partidos. Esse é o quadro de hoje. Se será o de 2014, até lá saberemos.
O PMDB havia marcado reunião para maio onde discutiria a relação com o Governo
Rosalba Ciarlini. Por que desmarcou? Receio de divisão no partido?
Eu marquei essa
reunião lá atrás, mas havia possibilidade de uma coincidência de estar aqui a
presidenta Dilma. Para não ter que desmarcar na véspera, eu adiei. Mas
aproveitei também, porque senti que o clima estava sendo contaminado e aqui ou
acolá poderia conduzir a uma radicalização do processo para lançamento de
candidatura de governador. Não era a reunião que eu queria ter para programar
encontros regionais, discutir o Rio Grande do Norte, ter esse papel de
construção do qual o PMDB quer ser protagonista.
Isso não obstruiu o debate no partido?
Não. Há
instrumentos que possibilitam ao PMDB essa posição. Hoje o partido tem o
ministro de Estado, o presidente da Câmara. Então eu tenho obrigação de pensar
assim. Quando eu vi que a coisa poderia ser meramente eleitoral e radicalizada
nesse sentido, aproveitei e não realizei mais. Não quero uma reunião do PMDB
para discutir quem vai ser governador, lançar candidatura, radicalizar o
processo. Não é hora para isso. Estamos vivendo um momento único no Rio Grande
do Norte. Eu não sei quando vai se repetir. Se começarmos agora a nos
dividindo, ir para lá ou ir para cá, termina a sinergia se perdendo. Essa é a
hora do Rio Grande do Norte atrair investimentos para imensos desafios que precisamos
superar.
Mas alguns parâmetros já são possíveis vislumbrar para 2014? Por exemplo, o
PMDB terá candidato próprio ao Governo?
Hoje não teria
motivo para uma definição. Fazemos parte da base de um Governo, que vai
discutir na época, entre seus participantes, que rumo tomar. Então, não poderia
afirmar, hoje, se haverá candidatura própria do PMDB. Veja, se nós
estamos integrando um sistema político com vários partidos, essa decisão deverá
ser conjunta. Na época, vamos ver o quadro e, com muito realismo, identificar,
as tendências, sentir o que o povo quer. Na época certa, portanto, poderemos
aferir.
Mas adiar essa definição não seria prejudicial ao partido?
Não gostaria que
fosse uma posição isolada. Lógico que todos pensam em candidatura própria para
presidente da República, para o Governo do Estado. Essa é uma vontade de
qualquer partido. Mas na hora em que você integra um sistema político com
outros partidos, não pode ter esse egoísmo como ponto principal. Você tem que
participar dessa articulação conjunta até porque uma andorinha só não faz
verão. Ninguém pense que sozinho vai ganhar uma eleição por mais forte que
possa estar. Temos que buscar parceiros, construir aliança. Se fazemos parte de
um grupo, com alianças políticas, acho que no final do ano ou início de 2014,
vamos nos sentar, examinar o quadro, com uma grande pesquisa qualitativa que
nos oriente, e saber qual a vontade do povo do Rio Grande do Norte.
Pelo fato da governadora Rosalba Ciarlini ter o direito de ser candidata à
reeleição, isso quer dizer que no grupo político, do qual o PMDB faz parte, ela
é a preferencial para concorrer?
Na hora em que ela
tem o direito de ser candidata, como Garibaldi Filho teve, e outros tiveram,
acho que é a preferência natural. O que precisa saber é se o direito da
governadora será exercido ou não por ela. Nessa avaliação terá que se fazer
também com dados objetivos, reais.
O que se deve levar em consideração para definir se a governadora concorrerá à
reeleição?
Como estará sua
posição administrativa, como estará avaliado o seu governo e a expectativa de
vitória eleitoral. Mas a primeira avaliação será para saber se a solução
natural da reeleição estará viável política e eleitoralmente. Esse será o
primeiro dado a ser colhido com o qual poderemos concordar ou não. Mas na hora
certa, na hora própria e de forma muito leal.
O senhor se sente motivado a ter o nome cogitado nessas discussões que vão ter
para uma chapa majoritária?
Não. Minha
motivação é continuar na Câmara Federal. Acho que tenho papel importante a
desempenhar no quadro nacional. Uma saída minha, neste momento da conjuntura
nacional, deixaria um vácuo importante. O Rio Grande do Norte precisa manter
(essa posição) até para ajudar o governador. Meu projeto, sim, é uma reeleição
para deputado federal.
Na próxima legislatura, o senhor poderia ser reconduzido a presidente da Câmara?
Aí é o sonho dos
sonhos. O sonho já realizei. O ‘sonho dos sonhos’ que pode acontecer ou não,
dependerá do resultado da eleição, do tamanho da bancada, do entendimento com o
PT e com outros partidos...
Mas esse sonho, como definido pelo senhor, faz parte do seu projeto?
Estou muito
envolvido, e concentrado, no atual mandato. Está começando ainda, não quero
atropelar as coisas. Não tenho o direito de atropelar. Na hora em que você
adquire uma experiência, como adquiri, tem que saber que todo dia é a sua
agonia ou todo dia sua alegria. É construir passo a passo o caminho.
Mas descarta a possibilidade de uma candidatura ao governo?
Para uma
candidatura a governador eu não ofereço o meu nome, porque estou em um projeto
nacional que é muito importante para o Rio Grande do Norte.
O nome do ministro da Previdência Garibaldi Filho para o Governo é uma
possibilidade no PMDB?
Sim, poderia ser,
porque acho que em qualquer pesquisa que se realize, o nome de Garibaldi vai
pontuar em primeiro lugar tranquilamente. Mas é um direito dele também
(concorrer ou não). Garibaldi está em um bom momento, é ministro da
Previdência. Com a reeleição da Dilma, ele, certamente, continuará ministro
nesta ou em outra pasta. É um espaço que o Rio Grande do Norte também não pode
jogar fora.
Embora o senhor fale em alinhamento do PMDB com o Governo Rosalba, o próprio
ministro, em declarações à imprensa, não mostra descontentamento com a
administração estadual?
Eu reconheço que o
Governo Rosalba não tem atendido as expectativas do PMDB como um todo. Tanto é
assim que provocou aquela reunião de Brasília. Mas aconteceram mudanças. Acho
que a modificação que ocorreu em recursos hídricos, na saúde e na agricultura,
já foi um passo a favor. Se poderemos ter outro nessa direção, isso a gente
poderá avaliar. Agora, a insatisfação é evidente. O Governo passa por
dificuldades. Mas eu acho que o PMDB tem o dever e, eu aprendi isso com o
meu pai (Aluízio Alves), de ajudar. Não pode dizer: “Na hora em que está tudo
bem, serei governo. Na hora em que as coisas não estão bem, largarei o barco”.
Não é assim. Tem que ajudar a melhorar, a corrigir. Foi isso que aprendi com
meu pai.
A deputada Fátima Bezerra confirmou que tem o nome dela posto para o Senado. O
PMDB admite discutir isso?
Não sei, porque na
formação de aliança não pode se discutir só o Senado. Essa será uma eleição que
envolve governador, senador, bancadas federal e estadual. A aliança precisa se
construída coletivamente e ver também o que é melhor para eleger deputados
estaduais, como é melhor para eleger uma forte bancada federal. Vamos discutir
esse assunto, na época própria, coletivamente.
Há quem fale em um desconforto do PR no Governo Rosalba Ciarlini. O senhor
conversou sobre o assunto com o deputado João Maia?
Não. Eu estou
cuidando do PMDB, o que já é muito. O deputado João Maia tem muita competência,
experiência, é um líder forte partidariamente. Sabe conduzir. Mas eu não tenho
a menor dúvida, está na hora de outro conselho político daquele se reunir para
avaliar o que foi feito de lá para cá, se as mudanças aconteceram. Eu ainda
acho o Governo muito preso nas suas decisões. Ainda acho que não está
interagindo como deveria.
O que está travando esse Governo? O que acontece que a governadora não consegue
reverter os índices de desaprovação?
Primeiro, as
medidas econômicas e de investimento que vão gerar um melhor futuro para o Rio
Grande do Norte são a longo prazo. Agora mesmo temos um exemplo importante. A
presidenta Dilma esteve aqui e destinou, em várias vertentes, quase R$ 2
bilhões para investimentos no Rio Grande do Norte. Essas coisas precisam
acontecer para mostrar ao cidadão que o Estado está se desenvolvendo, crescendo
e isso pode melhorar a análise do desempenho dos Governos Federal e Estadual.
Vamos ver se isso acontece e se vai ser suficiente para recuperar também a
posição do governadora Rosalba Ciarlini ou se é preciso um pouco mais. De
qualquer modo, o Governo precisa ainda conversar mais, interagir. Mas há também
limitações financeiras, que têm levado o Governo a dizer muito “não” àqueles
que precisam. Vamos ver se essa é uma questão financeira ou de ordem gerencial,
de competência. Essa análise precisa ser feita logo para saber se as
circunstâncias melhoram do ponto de vista político e administrativo.
O vice-governador Robinson
Faria, em declaração recente, disse que os partidos que estão na oposição não
devem mais esperar o PMDB. Como o senhor viu essa afirmação?
O PMDB nunca pediu
a ninguém para esperar. Pelo contrário, estamos dizendo que, a meu ver,
não é hora do PMDB discutir política eleitoral. Quem achar que nesta hora vai
conversar eleição 2014 com o PMDB , ajustando chapa, candidaturas, vai cometer
um erro. Essa não é a hora para isso.
Por quê?
Eu fico imaginando
o cidadão norte-rio-grandense, preocupado com a segurança, com a saúde
pública... Não passa pela cabeça dele quem será o governador eleito em outubro
de 2014. Quem discute isso agora são mais os atores políticos, em nível
estadual, municipal. O cidadão não está preocupado em saber quem vai tentar
melhorar a sua vida a partir de janeiro de 2015. Quer saber as medidas que
serão adotadas neste momento. O PMDB não vai, no que depender da minha
condução, mas não mando no partido, precipitar um processo eleitoral. Apenas os
que já são candidatos pensam nisso 24 horas por dia. Não é o caso, a meu ver,
de ninguém do PMDB.
Quem lança candidatura agora ao Governo e Senado está cometendo um erro
estratégico?
Pode ser que pense:
“Quem é coxo, parte cedo”. Talvez alguém acha que precisa começar a viabilizar
o nome, porque não tem uma estrutura partidária maior para dar suporte na hora
da decisão. Respeito muito. Mas o PMDB não está nesse cenário e, se depender de
mim, não estará até o final do ano.
Houve desobstrução no diálogo do PMDB com o PSB?
Acho que houve
e eu vi com muito bons olhos o gesto da ex-governadora Wilma em vir aqui
à minha casa por iniciativa dela. Eu agradeci e ela foi muito correta. Não
discutimos candidatura de 2014. Foi apenas o recomeço de uma relação. Eu tinha
uma relação com a ex-governadora muito boa. Foi um gesto político interessante
dela que eu registrei.
O senhor também tem dado sinais de reaproximação com o prefeito de Natal,
Carlos Eduardo?
O prefeito Carlos
Eduardo foi eleito e todos nós sabemos que Natal hoje está deteriorada, carente
de serviços públicos, de cidadania. O prefeito terá em mim, 24 horas por dia,
toda a disposição e apoio para ajudar. Já as questões políticas, o tempo dirá.
Se o senhor não oferece o seu
nome para ser candidato a governador, se o ministro Garibaldi Filho também já
disse que não oferece, o PMDB tem como apresentar candidatura própria?
É impressionante
como vocês querem falar sobre esse assunto. Não é hora de discutir isso. Veja,
os leitores podem observar, quero registrar, como perguntam sobre esse assunto.
Mas não é o momento. Precisamos pensar no Rio Grande do Norte. Temos imensos
desafios. O novo porto, o transporte leve sobre trilho, a necessidade de
modernizar nosso Estado. Não vou discutir política eleitoral agora.
Há uma expectativa do Rio
Grande do Norte com senhor na presidência da Câmara dos Deputados. Teme
frustrar essa expectativa?
Não. Não vou
frustrar, até porque eu penso nisso 24 horas por dia. O meu sonho — pessoal,
emocional e político — já realizei. Um deputado de um Estado pequeno, que tem a
menor bancada, de oito deputados, foi representante da bancada do PMDB e
consegue pelo seu partido se eleger presidente da Câmara, que tem 513
parlamentares. Essa realização pessoal, da minha vida pública, da minha
coerência, eu já realizei na hora que sentei ali. Agora, a partir dali, eu
quero realizar outro: ser um grande presidente da Câmara para o Brasil e para o
Rio Grande do Norte. Vou lutar por isso no que eu puder.
O senhor confirma o edital de
licitação da Reta Tabajara para o dia 20?
Vão sair os dois
dia 20 (o edital de licitação da Reta Tabajara e do projeto da duplicação da BR
304). A gente espera começar em dezembro a obra da BR 304. Isso porque vai ser
pelo RDCI que é mais rápido. Pelo RDCI (Regime Diferenciado Integrado de
Construção), a empresa faz o projeto e vai construir a obra. O ganhador do
projeto, nesse edital, que eu espero até dezembro estar realizado, fica com a
construção também.
Esse (a duplicação da BR-304)
é o projeto mais importante para esse período no qual o senhor estará na
presidência da Câmara?
Não. A
gente quer conquistar para o Estado, que é urgente, o novo porto. Pecém, no
Ceará, e Suape, em Pernambuco, estrangularam um pouco o nosso porto, que perde
competitividade e espaços. Temos que construir o novo porto. E podemos também
tentar ampliar a refinaria Clara Camarão, em Guamaré. Ela era para ser maior.
Esse é um dos objetivos que a gente poderia traçar. Tem vários projetos que o
Estado precisa viabilizar e, para isso, deve ter unidade.
Como viabilizar a conquista desses projetos?
Não é só Henrique
na Câmara porque uma andorinha só não faz verão. Eu sou forte se eu conseguir
unir a bancada, com a Assembleia, com o Governo, aí sim nos apresentaremos
unidos e fortes perante o Governo Federal. Há uma questão que também me
preocupa muito e precisa de ações urgentes. É a saúde pública. Precisamos de
ações que fortaleçam os hospitais regionais e assim diminua o inchaço que há em
Natal, com pacientes vindos do interior. A segurança pública também é outro
aspecto muito importante. Hoje o que temos é a insegurança pública. É necessário
o envolvimento de todos para o reforço dos segmentos que envolvem a segurança
com o apoio do Governo Federal.
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